Fernando Gabeira, cujo nome completo é Fernando Paulo Nagle Gabeira, é uma das figuras mais multifacetadas do Brasil. Nascido em Juiz de Fora (MG) em 1941, ele construiu uma trajetória que une jornalismo, literatura e política, marcada por rupturas ideológicas e uma busca constante por novos horizontes.

Jornalismo e Militância

A carreira de Gabeira começou cedo, com ele atuando em jornais de Belo Horizonte e, em seguida, no Rio de Janeiro, no renomado Jornal do Brasil. Durante a ditadura militar, ele se engajou ativamente na resistência, tornando-se militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Apesar de sua participação, ele não se descreve como um "guerrilheiro de armas", mas sim como um "militante da argumentação e da logística", utilizando sua escrita e organização em prol da causa.

Em 1969, Gabeira participou do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, um dos eventos mais emblemáticos daquele período. Preso em 1970, foi baleado em uma tentativa de fuga. Após ser operado e passar por diversas prisões, ele foi banido do país e partiu para o exílio, vivendo em países como Chile, Suécia e Itália.

O Retorno e a Nova Trajetória

De volta ao Brasil em 1979 com a anistia, Gabeira lançou o livro que se tornaria um clássico: "O Que É Isso, Companheiro?". A obra é um relato autobiográfico sobre sua participação na luta armada, na prisão e no exílio, servindo como uma reflexão crítica sobre aquele período. O livro foi adaptado para o cinema em 1997, em um filme que recebeu uma indicação ao Oscar.

Após o retorno, Gabeira abandonou a ideologia marxista e se dedicou a temas como ecologia, direitos humanos e liberdades individuais, tornando-se um dos fundadores do Partido Verde (PV).

Carreira Política

A carreira política de Gabeira foi notável por sua independência e espírito crítico. Foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro em 1994, sendo reeleito em 1998 e 2002. Durante seus mandatos, ele se destacou na defesa de pautas ambientais e de comportamento. Em 2002, elegeu-se pelo Partido dos Trabalhadores (PT), mas rompeu com a legenda no ano seguinte, alegando que "o sonho acabou" e que a conduta do partido era inaceitável.

Posteriormente, retornou ao PV, partido pelo qual foi o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro em 2006. Em 2008, concorreu à prefeitura do Rio e, em 2010, ao governo do estado, em ambas as ocasiões obtendo uma expressiva votação, mas sem se eleger.